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PARAFERNÁLIA DA ESGRÉVIA E MUI ILUSTRE
"IRMANDADE DOS VINHOS GALEGOS"
CONSTITUIÇOM, PROPÓSITOS E ANGUEIRAS
1. Sob o nome da nossa "IRMANDADE"
constitui-se na cidade de Ourense umha confraria de homes de bem, dispostos a
luitar pola qualidade e fama dos vinhos galegos, defendê-los de baldom e manter
a sua sona e honra, pare bebê-los os viventes e legar aos nossos descendentes.
A
"IRMANDADE" nom terá nunca fins crematísticos, lucrativos ou especulativos, e
todas as suas acçons irám encaminhadas ao beneficio e satisfaçom dos
vinhateiros, bebedores e catadores do mundo inteiro, começando polos próprios
confrades.
2. O domicílio social será em Ourense,
Galiza, se é que a Junta Geral por umha maioria de noventa e nove por cento da
Assembleia, nom decide mudálo pare outro lugar europeu. A duraçom da Irmandade
será por tempo indefinido, enquanto durar, e o ámbito territorial, o do globo
terráqueo.
3. ANGUEIRAS
Visto e comprovado por pessoas preocupadas
polo assunto, que os VINHOS GALEGOS, venhem sendo agredidos polas fraudes,
ignorados polos imbecis obscuros e aproveitados polos moinantes, uns homes de
bem, levados de umha grande ira, possuídos por umha boa causa, e aguilhoados por
umha santa sede, decidem constituir-se em aguerridos defensores
deles.
Sob o nome de "IRMANDADE DOS VINHOS
GALEGOS" e ao igual que os IRMANDINHOS medievais, erguem as suas espádas, taças,
penes e lança, em defesa do nosso vinho, e, solenemente, prestam o seguinte
juramento, perante Tor, Baco e Dioniso:
"JURO POLA MINHA HONRA E COMPROMETO-ME POR
TODA A MINHA VIDA A AMAR, FALAR, FABULAR, QUERER, HONRAR, RESPEITAR, DIFUNDIR,
DEFENDER E SOBRETODO, BEBER, BEBER E BEBER OS BONS E GENEROSOS VINHOS GALEGOS".
4. LEMA, MOTO E RITO
Prestando o juramento ritual, o neófito
passará a formar parte da confraria, e imposto dos seus atributos e distintivos,
entre os quadis figurará, obrigatóriamente um catavinhos de prata gravado com o
lema da IRMANDADE rezando o moto:
"DEUS ET FRATRESQVE V[NUM GALLAECIAE"
e a
maldiçom da tribo:
"HONI SOIT QUIMAL I BOIT".
5. Poderá ser membro irmandinho toda pessoa
honesta, que acreditar o seu amor ao nosso vinho, e tiver feito algo por
ele.
Terá de ser convidado, previamente a sua
solicitude, e apresentar esta, umha vez convidado.
A adscriçom será voluntária e a baixa
também. Ainda que a "mortis causae" seja, habitualmente, involuntária, admite-se
como baixa temporal, e seguirá o nome de confrade inscrito nos registos, para
glória imperecedoira do seu apelido. Levará-se um registo especial de membros
ausentes, aguardando por nós na eternidade, e que por muito tempo aguardem.
Brindará-se frequentemente por eles, a sua honra, fama, glória e
paciencia.
Estabelecerá-se umha comissom de admissom
que estudará os méritos do solicitante, e, emitindo este relatório favorável,
passará a sua candidatura a estudar-se na seguinte Assembleia Geral, onde, por
aclamaçom da maioria ou cacicada, se decidirá a sua entrada. Também funcionará
outra comissom de expulsom, do mesmo jeito, e em forma contrária a
anterior.
6. Todos os irmandinhos terám igualdade de
direitos e deveres, mas uns pagarám mais que os outros, segundo a sua capacidade
económico-financeira, e representatividade social, supondo-se que haverá luitas
para aportar o mais possivel a esta altruista e fermosa causa. Os poetas, polo
só mérito de se-lo, nom pagarám nada, e ainda mais, cobrarám o seu trabalho em
loureiro.
7. GOVERNO
A Irmandade regerá-se por umha Assembleia
Geral, anualmente consuetudinária, composta por todos os seus integrantes, que
reunirá umha vez ao ano, polo menos. Também se poderám celebrar Assembleias
Extraordinárias, se assim o solicitarem mais da metade dos sócios inscritos, por
escrito, como revolta iconoclasta ou golpe de estado.
Esta Assembleia em voto ultra-secreto dos
vivos presentes, decidirá o nomeamento do seu Presidente, que sob o titulo de
Roi Xordo, presidirá o ILUSTRE SANEDRIM, composto por dez por cento dos
irmandinhos registados e vivos.
Celebrará-se simultaneamente, e polo mesmo
sistema, o nomeamento deste Sanedrim, que será o órgao imediato de decisom e
governo entre Assembleias, com capacidade total de decisom, excepto a de mudar
estes sacrossantos estatutos.
A Assembleia e Sanedrim terám capacidade de
decisom, quando reúnam a metade mais um dos seus componentes, em presençá
fisica, e convocados devidamente com um mínimo de 69 horas de antecedência, polo
seu Presidente.
Nomeará-se assimmesmo um ESCRIVAO
OFICIANTE, com capacidade de levar livros, levantar actas e fazer expedientes,
com visto e selo do Roi Xordo. Também se formará um CONSELHO DE CATA, e outro de
BOMBO, TROMBETAS, TIMBALES, CLARINS, PIFANOS E MARKETING, escolhidos entre os
Irmandinhos que polas suas especiais características e habilidades, concorram
méritos para estes misteres.
8. REGIME ECONÓMICO
A Irmandade nutrirá os seus haveres com
aportaçons voluntárias e obrigatórias dos Irmandinhos, que bem presionádos,
podem tirar do bolso quantidades fixas e aleatórias, para os bons e altruistas
fins da Confraria. Cada confrade pagará o seu, mas se insistir, permitirá-se-lhe
pagar o dos outros.
Também se organizarám, por obriga
regularmente, polo menos das papatórias e catas rituais anuais, coincidindo com
os solstícios e equinócios além de possíveis celebraçons de festas látrias e
"simpósios" místicos, consagraçons gastronómicas e cultos báquicos.
Nelas, ao remate do nutritivo rito,
celebrará-se umha QUEIMADA cerimonial, com Aguardente Galega, invocando os
velhos deuses celtas, origem e futuro do nosso espírito. Também haverá
homenagens e lembranças a antigos sacerdotes da gastronomia galega, como
Cunqueiro, Castroviejo, Julio Camba, Puga e Parga, etc.
BRINDE
Sob o berro de "SURSUM CORDA", todo "sursum
corda" erguerá o seu cálice, taça, cunca, copo, jarra ou pote ao ceu, e libará o
seu sacro licor, vinho galego, a maior glória da Pátria, dos seus vinhos, os
seus vinhateiros, e os seus bebedores. Quem nom o figer e atender, seja
repulsado e expulsado, "in situ". E reine, em todas as reunions, a ledícia e
alegria em todos os coraçons. Ficará expressamente proibido falar dos temas que
dividem e inimistam aos homes: a religiom, apolítica e o futebol. Sejam
anatematizados os contraventores.
Este Regulamento de operativa
consuetudinária, nom será óbice para encontrar, e aplicar, outros melhores, que
o "modus vivendi, bebendi et operandi", nos ensinarem a todos os integrantes e
coexistentes, desta generosa e muito benéfica Irmandade.
Acta
da Constitución da Irmandade
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